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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A nova classe média um avanço conservador?

O instituto de pesquisas econômicas, DATA POPULAR, acaba de concluir um estudo que parece demonstrar que uma nova classe média surge no Brasil. Isso tem relação com a entrevista dada pelo Sociólogo Francisco Oliveira, à Folha de São Paulo sobre a disputa eleitoral no Brasil. O mais importante deste estudo, a meu ver é o conservadorismo desta nova classe, substituindo a velha luta contra as forças que comprimiam o progresso dos pobres por um amplo movimento sustentado esta classe. Uma classe que evolui sobre uma base já criada pela sociedade e pelo Estado: escola pública, financiamento público, educação pública, previdência social, todas instituições que reduzem o embate dos assalariados contra o capital.

Os partidos políticos de esquerda e direita no Brasil mudarão muito e os que não mudarem ficarão na contramão deste fato. Do mesmo modo que a classe média tradicional teve um pico de crescimento no Milagre Econômico do governo Médici (inclusive pelas bandeiras do movimento Estudantil da época em busca de mais vagas nas universidades públicas) esta irá fustigar mudanças com a natureza do que veremos abaixo, criando uma maioria conservadora nos partidos políticos.

Claro que uma tentativa política muito clara de contrariar este movimento ou uma crise econômica mundial muito severa, poderá afetar este momento. O mais provável é que a força deste segmento possa dar ao Brasil um lastro duradouro de crescimento.

Vejam os dados segundo o texto original com alguns cortes.

“Na outra ponta os estudos econômicos mostram o surgimento da nova classe média: a juventude nas classes C, D e E. Fala-se muito no chamado "bônus demográfico" brasileiro – isto é, em um período extremamente favorável em que a maior parte da população estará integrando a população economicamente ativa. Nas classes A e B haverá um envelhecimento crescente. Nas classes C e D, preponderância dos jovens.

Na classe A os jovens até 16 anos representam apenas 17%. Na faixa dos 1% mais ricos, os pais ganham dez vezes mais que os filhos. Na nova classe média, apenas duas vezes mais. Com isso, são os mais jovens que influenciam as decisões de consumo das famílias. Na classe A, apenas 10% dos jovens estudaram mais do que os pais. Na classe C, 60%.

Agora sintam a onda conservadora: Para essas classes, o consumo tem um papel simbólico dos mais relevantes. Eles passarão a ditar as tendências, porque – ao contrário dos jovens das classes A e B – além do conhecimento recém-adquirido trarão um componente de luta e determinação novos. Para essa nova classe, o consumo traz o sentido de inclusão social – ou, para usar um termo do sociologuês, de "pertencimento". O segundo, porque representa a bóia capaz de tirá-los definitivamente do universo das restrições. Encaram também como oportunidade e investimento. Finalmente, a satisfação de necessidades e sensação imediata de prazer.

A classe C responde por 54% das vendas de calçados no sudeste, 55% no sul, 57% no centro-oeste, 62% no nordeste e 62% no norte. Em viagens, já responde por 51% das despesas no nordeste a 34% no sudeste. Nos serviços financeiros, detêm 60,2% das contas correntes, 61% dos cartões de crédito, 57,8% das contas de poupança, 63,6% etc.

A nova classe média já movimenta R$ 834 bilhões por ano (contra R$ 216 bi da classe A e R$ 329,5 bi da classe B); responde por 87% da população, 76% do consumo, 69% dos cartões de crédito e 82% dos internautas. O depoimento de uma consumidora classe C dá o fecho para o estudo: "Comprar é perceber que todo nosso esforço vale à pena, que dá para agradar todo mundo, ficar de bem com a gente mesmo".

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