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domingo, 31 de outubro de 2010

O Discurso de Dilma e Futuro do Crato - José do Vale Pinheiro Feitosa

Soberba e contorcionismo nunca fizeram bem no comentário de resultados eleitorais. Isso posto que só existem duas possibilidades: vitória ou derrota. Os vitoriosos fazem a festa, como acontece agora mesmo em Fortaleza e os derrotados silenciam. Alguém escreveu num dos blogs da região do Cariri que o Crato estava parado neste dia. Não havia nada vibrante pelo menos no curso da votação.

Uma boa explicação é a presença de Samuel Araripe, prefeito do Crato e do PSDB. Podendo tornar evidente a campanha de Serra, como aquela festa que amoleceu o coração dos assessores da prefeitura no lançamento no Tênis Clube. Foram fotos que contarão a história deste momento tumular da cidade. Ela parece acabrunhada, nada muda, tudo é igual, é o lento sonambulismo histórico.

Alguém acordará o Crato deste sonho que não cessa? Parece que na cidade, em termos políticos, não há nada que não venha da década de 50 do século passado. A prefeitura é o altar desta grande dormência. Que apenas perderá o efeito adormecido quando o quadro político da cidade mudar. E mudar igual Zé Flávio brinca com o PTB de Nova Olinda: os partidos populares realmente se organizarem e aprenderam a lição do novo tempo.

Agora mesmo é possível que alguém tente recordar a quantidade de votos que a Dilma não teve. Óbvio que os votos em Serra para tentar emparedar os sonhos dos vitoriosos. O melhor modo é comparar os dois turnos, uma vez que esta é a verdadeira história destas eleições. Em primeiro lugar, como se tornou quase uma regra, a abstenção é maior no segundo turno: foram menos 4,5 milhões de votos.

O outro fato é que os eleitores tomaram partido, se mobilizaram mais e deixaram para lá os votos em brancos e nulos: foram menos 2,4 milhões de votos num universo que representava no primeiro turno 9,5 milhões. Portanto foi um segundo turno mais politizado e com mais opções por um dos candidatos. O candidato Serra ganhou 10,2 milhões de votos em relação ao primeiro turno, mas partiu de um patamar mais baixo quando comparado a Alckmin nas eleições de 2006. E Dilma, que já estava num nível elevado de votos, recebeu mais 8,0 milhões de votos.

Portanto os vitoriosos devem se alegrar e apostar no seu projeto de governo que foi traduzido muito bem pela candidata. A própria eleição dela, uma mulher, já é uma firme resposta do eleitorado ao discurso machista e conservador do candidato desde o primeiro turno. Quem soube interpretar o primeiro discurso da candidata há de observar uma grande coisa: os direitos essenciais da alimentação, do emprego e da renda, da moradia digna e da paz social estão no mesmo patamar do direito de opinião e expressão. Para bom entendedor está dito: a opinião e a expressão não destruirá os outros direitos.

Um dos vícios dos pais modernos é criar Mauricinhos que se derretem numa ingenuidade açucarada ou numa prepotência de Pitboy. É lavada besteira imaginar que ferir a liberdade de idéia e expressão é se contrapor a quem as tens. Aí mesmo é que se encontra a tal liberdade. O Crato só vive esta pasmaceira por que ninguém pode criticar nada que um ódio contra qualquer um se levantará uma vez se diga que exista um simples buraco de rua. Isso quem vive lendo aqui sente o tempo todo.

Então que use seu ódio, mas vou não posso esquecer o buraco. Todo mundo sabe que a base da crítica da campanha do PSDB contra Dilma nasceu naquele documento sobre direitos humanos a partir do qual criaram as questões do aborto e do casamento gay: A candidata zelará pela irrestrita liberdade de imprensa, pela mais ampla liberdade religiosa e de culto e aí o complemento necessário: pela observação criteriosa e permanente dos direitos humanos tão claramente consagrados em nossa constituição.

A outra farsa é querer elogiar a candidata agora já criando as garras com que irá se contrapor a ela. É claro que ela governará para todos. Que a oposição é uma escola de melhoria de governo, que inclusive se o Crato tiver funcionando bem deve fazer muito bem à cidade, mas não parece.
O discurso da presidenta eleita é bem diferente daquele de Lula nas suas duas eleições. O mundo passa por uma crise financeira e agora os especuladores já estão no seu devido lugar e ela qualifica muito bem isso quando diz: a retomada dos mercados de financiamento, limitando a alavancagem e a especulação desmedida, que aumentam a volatilidade dos capitais e das moedas.
Afirma a questão do uso das riquezas nacionais para o desenvolvimento dos brasileiros, mas de uma forma clara e dizendo claramente qual o método. O método da partilha que efetivamente separa capital, estado e define o destino da riqueza para o desenvolvimento das bases sociais: educação, saúde, segurança e desenvolvimento da renda dos brasileiros. Definitivamente, não alienaremos nossas riquezas para deixar ao povo só migalhas.

Ao terminar sua manifestação, a presidenta Eleita, como a consolidar as posições do seu projeto eleitoral, seja pela seu agradecimento pessoal e, principalmente pela força política nele identifica o lócus desta força e ela é Lula. Os arautos da oposição não podem jogar pedras no presidente sem atingir, simultaneamente, a presidenta eleita.

Na minha opinião o Crato mudará muito nas próximas eleições. O Ceará já mudou muito nestas. Agora o espaço político está arejado e aquela preguiça que a pessoa identificou no dia de hoje é apenas o silêncio que anuncia que daqui para frente tudo vai ser diferente. E não apenas pela vitória da candidata, mas principalmente pela derrota daqueles que controlavam o passado.

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