| Xilogravura de Carlos Henrique (Crato-CE) |
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| Xilogravura de Carlos Henrique (Crato-CE) |
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| Xilogravura de Carlos Henrique (Crato-CE) |
Foto: Heládio Duarte
| Xilogravura de Carlos Henrique (Crato-CE) |
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| Xilogravura de Carlos Henrique (Crato-CE) |
Com as presenças de alguns dos maiores nomes da música instrumental e vocal do Brasil, o II Festival de Choro e Jazz de Jericoacoara prova que veio para ficar. Presenças de grandes nomes como Hermeto Pascoal, Arismar do Espírito Santo, Banda Mantiqueira, Yamandú Costa, Théo de Barros, Trio Curupira, Moderna Tradição, Dori Caymmi, um dos mais famosos acordeonistas do mundo: Richard Galliano, Renato Braz, Cléber Almeida, o violonista Maurício Carrilho, o cantor Celso Viáfora, a cantora Joyce Moreno, e o pequeno Guiliano Eriston estarão no Festival na praia.
Na sequência, a partir das 23h, a "Banda Mantiqueira", comandada pelo arranjador Nailor Proveta, juntamente com alguns músicos da "Moderna Tradição", garantem a elegância do final da festa com peças de Tom Jobim, Pixinguinha e Cartola, dentre muitos outros.
Na quarta-feira, o acordeonista francês Richard Galliano, vem mostrar sua música globalizada que mescla tango argentino e jazz. Logo após, os irmãos Rudi y Nini Flores, vêm compartilhar o Chamamé, ritmo da província de Corrientes, na Argentina, lugar onde nasceram. Os "hermanos" contarão com a participação especial do gaúcho da fronteira e acordeonista, Luiz Carlos Borges.
Oficinas
“O processo de purificação do instrumento interno do homem no cadinho do discurso, do sentimento e da ação unidirecionados e voltados apenas para Deus é chamado penitência (Thapas). A consciência interna, então, se livra de todas as imperfeições e defeitos. Quando a consciência interior tornar-se pura e imaculada, Deus residirá nela. Finalmente, ele experimentará a visão do Próprio Senhor dentro dele.”
Sathya Sai Baba
Tanto que se dá valor a coisas irrelevantes nesta vida que ao encontrar aquilo que na verdade pede atenção ficam as pessoas meio desconfiadas, achando que esqueceram o que de importante haveria e é essencial para levar aos bolsos e dotar a vida. São os efeitos colaterais da distração impostos pelos instrumentos modernos, vícios inconvenientes da ilusão.
A realidade mesma, a que merece respeito e ocupação dos sentidos, quantas vezes deixamos de lado, o amor aos filhos, aos pais, ao marido, à mulher, ao próximo, que se tornaram assuntos vulgares, matéria das novelas sucessivas da televisão, reino vasto das emoções enlatadas...
Para onde dirigir a visão, o indivíduo cumpre determinações do mercado de consumo, até em termos de crença, que, para muitos, raia campos de mera credulidade, preenchimento das fichas do invisível a preço do imediatismo.
No entanto a fome de justiça e a fé continuam rasgando as entranhas dos tempos e dos costumes. Aceitar o desconhecido precisa de consciência, pois a dureza do solo cotidiano assim exige. Essa atitude conformista de engolir as pílulas douradas do esquecimento da realidade jamais satisfará o desejo de equilíbrio que nasce com a gente e sobreviverá para sempre nos demais.
Preencher o vazio apenas com farrapos desnecessários anestesia durante algum tempo, contudo a cólica volta mais forte na sensação de inutilidade e perda de mínimas condições de amor. Disso anda cheio o mundo, homens impacientes, angustiados e agressivos, sem responder ao para que viessem e sumiram longe na próxima curva, fora de ao menos oferecer outros meios e exemplos aos que os aguardaram, na solução dos dramas existenciais elementares.
Nesse apetite agoniado de música nova os dentes mastigaram fel de pedra e poeira, disparos sem qualquer nexo revolucionário a não ser a intenção de ferir os céus da boca das feras inexistentes da droga, no padrão oficial da vontade.
Correm pelas ruas ventos de medo na forma dos ídolos vagos de quaisquer significados. Gente complexa, desavisada no estágio das consequências do que querem, e fazem lama onde antes havia ar puro, água limpa e esperança. Isso constrange, revira de dentro as barrigas famintas de outros sonhos que não fossem tão só de desespero e temor.
Os tais batalhões de gente agressiva pelo simples gesto de ferir, vingar o que ninguém sabe quando, embalados na ira dos atores no palco gigantesco das florestas das cidades artificiais produzem massas, batatas estragadas e luas cinzentas, que ainda brilham no espaço desses turnos assustados.
Silenciosas, gerações inteiras fixam os olhos nas imagens de terras estranhas, senhores de cicatrizes e tatuagens escuras, vestes andrajosas, garras afiadas, numa praia deserta e maré de esperas insistentes. Só.
As carcaças de barcos antigos projetam suas sombras no pôr do sol envoltas nas águas verdes que estiram os dedos às várias outras estações perdidas nas praias dos mundos enigmáticos.
| Brincantes do Reisado Infantil Mestre Dedé de Luna - Crato-CE-Brasil (Foto de Júlio César) |

“Dos instrumentos utilizados por todos, o corpo com as mãos prontas executa o pensamento que é expresso em palavras. As ações, a obra, o trabalho com os quais a mão do homem está engajada, esses são a fonte de toda a felicidade ou miséria para todos. O homem afirma que está feliz ou que está ansioso ou com medo, ou que está em apuros. Ele atribui a causa dessas condições a qualquer outra pessoa que não ele próprio. Essa crença baseia-se em um fundamento errado. Felicidade e miséria são devidas às suas próprias ações. Se alguém aceita ou rejeita essa verdade, ele terá de sofrer todas as consequências de suas ações. Essa é a lei da natureza.”
Sathya Sai Baba
Trata-se de A língua das mariposas, produção espanhola de 1999, do diretor José Luis Cuerda, um drama bem elaborado que retrata a vida pacata do interior da Espanha às vésperas da Guerra Civil, idos de 1936. O roteiro reúne o desenrolar de três contos de Manuel Rivas, exímio escritor que revive histórias populares através de reconstituições da tradição oral recente da Península Ibérica. Em 2007, Rivas esteve no Cariri, juntamente com outro escritor, o contista moçambicano Mia Couto, ambos a proferir palestra conjunta no Salão de Atos da Universidade Regional do Cariri, em Crato.
O filme retrata a história de um garoto de sete anos que inicia seus estudos com um mestre-escola, Don Gregório, de ideias libertárias, vinculado ao Partido Comunista numa fase política contraditória que desaguaria nos traumas profundos e nas grandes tragédias das movimentações revolucionárias posteriores.
A Espanha serviria de campos de testa para as armas sofisticadas alemãs, logo em seguida utilizadas por Hitler na Segunda Grande Guerra. O confronto de pensamentos políticos diversos, socialismo, anarquismo, comunismo, fascismo e nazismo, terminaria ocasionando chagas profundas a centenas de milhares de espanhóis mortos, desaparecidos e refugiados, vincando de dor a paz daquela gente.
O despertar da criança para a vida tem, pois, como pano de fundo essa fase social, do ponto de vista da pequena comunidade e seus personagens, numa película elaborada com fotografia de rara qualidade e ritmo envolvente.
Numa graduação de interesses, o aluno desperta para a realidade sob os olhos atentos e cuidados do mestre, identificando-o com as novidades da natureza que revela nos primores da ciência e encontram na infância território fértil e alegre. No entanto, diante da serenidade aparente daquele universo em fermentação, crepitam temores da insegurança futura e os acontecimentos destruidores da paz, causando mágoas ainda hoje a persistir na alma da pátria.
O belo capítulo de um passado próximo que o tempo destruiu vem no filme e termina quando se iniciam outras situações com o furor que manifestaria rosto nostálgico de ódio e revolta dos seres humanos e seus caminhos desencontrados, afeitos aos valores apenas materiais.
Cenas finais assinalariam fortes emoções no espectador, reflexo e desfecho da amizade que se formara entre aluno e mestre, clímax digno das melhores quadras cinematográficas, quanto vista na sinceridade e no respeito pelas justas crenças.

“De uma América a outra, eu consigo passar num segundo.”, diz um dos versos de Vinicius de Moraes na extraordinária canção “Aquarela”, cuja música tem uma interpretação primorosa do cantor Toquinho. Hoje vivemos essa realidade, com o mundo em nossas casas, falando e vendo entes queridos em algum lugar distante. As comunicações se propagam na mesma velocidade de nossos pensamentos. Longe vão os tempos em que um telegrama demorava de três a quatro dias, algumas vezes até mais tempo. Quando uma simples carta era recebida com atraso de mais de uma semana.