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quinta-feira, 22 de maio de 2008

Indiana Jones e tua caveira perdida

José do Vale Pinheiro Feitosa

Liguem máquinas de pipoca, armem-se de abridores de garrafas, ajustem canudinhos: uma nova aventura neocolonialista está em cartaz. Spielberg nas telas mundiais dos distribuidores do império. Mais uma aventura do Indiana Jones: e o "Reino da Caveira de Cristal". Sempre em busca de peças míticas e lendárias como a Arca da Aliança, Santo Graal, pedras e caveiras. Uma arma de fogo na mão direita e um chicote na esquerda, o herói "arqueólogo", vai pelo terceiro mundo saqueando suas relíquias. Após a tomada, sempre violenta, o herói pega uma máquina mítica do mundo industrial (como um hidroavião) e retorna para os salões neoclássicos de sua vetusta universidade.

Figurino readaptado ao contemporâneo, mantendo o estilo dos anos 30, o Indiana é uma réplica marota do velho cinema colonialista inglês daqueles idos. Talvez quando o jovem Spielberg ia às sessões vesperais de sua cidade natal. Como um Jim das Selvas ou um Tarzan de John Weissmuller, os exploradores do império inglês em busca do marfim dos elefantes, do ouro e diamante da África. Hoje ao abrirem os jornais e lerem sobre 45 mortos pela violência na África do Sul, a respeito das guerras tribais e subnacionais eis os "diamantes de sangue" que o colonialismo europeu lançou no terceiro mundo. Agora o comando imperial sobre a cultura de teus filhos e netos, sobre a tua própria: com DVDs, shopping centers, vitrines em "off", "for sale", conforto mesmerista das luzes que tonteiam.

Vai oh espectro. Vai ser capacho na vida.

Não é global. Apenas clarabóias da realidade

Caetano Velloso, quando era jovem e antenado e não este burguês contra cotas raciais, assim cantou: O sol nas bancas de revista./ Me enche de alegria e preguiça./ Quem tanta notícia/.Eu vou/ Por entre fotos e nomes. O sol, um jornal da época, que na letra de Alegria, Alegria, se reparte em crimes, espaçonaves, guerrilhas, Cardinales bonita..., é a referência perfeita das clarabóias da realidade que apenas compreendem instantaneamente a realidade da civilização por seus discursos escapistas, dissimuladores e psicologicamente atuando para se fazer implante de "verdades". Clarabóias de um fragmento, mas com a prática corriqueira de se apostar filtros que levam a se ver a realidade com os olhos de terceiros.

Por isso esta maçaroca de informações diárias (e noturnas ou madrigais) precisam de um grande esforço que os ruminantes possuem. Remastigar os fragmentos para que se tornem uma pasta mais compreensível. Uma pasta que se amoldou aos sucos digestivos de nossa verdadeira vida, difícil, insegura, frágil, manipulada externamente, mas nossa e por isso mesmo reflexiva sobre o que é e como é.

Não se espere do exterior informações globais. Elas são clarabóias com muita freqüência ajustada por filtros estranhos. Mas por sermos matéria do tempo e do espaço, o debate e confronto de verdades são bons caminhos.

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