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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Atividade de repentista é reconhecida como profissão

Cordelista Maria do Rosário

A lei nº 12.198, aprovada recentemente, reconhece a atividade de repentista como profissão artística, que passa a integrar o quadro de atividades da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Nesse grupo, estão inseridos sete exercícios relacionados ao repente. São cantadores e violeiros improvisadores, emboladores, cantadores de coco, poetas repentistas, contadores de causos da cultura popular e escritores da literatura de cordel.

Maria do Rosário é detentora da cadeira 8 da Academia dos Cordelistas de Crato, ela ressalta que o dia 14 de janeiro, data em que a lei foi sancionada pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é considerado um dia histórico para a classe. “Antes as pessoas que se dedicavam inteiramente aos versos eram vistos como vagabundos. Agora são profissionais, regulamentados como em qualquer outra profissão”, diz a cordelista.

Outra conquista está na oportunidade em prosseguir com o reconhecimento e formar a associação e academia de Juazeiro do Norte, que segundo ela, já está em pauta há algum tempo. “Aqui tem muitos cantadores anônimos e isso foi um incentivo para aumentar nossa dedicação e a força da divulgação de nosso trabalho”. Embora o fato de que o número de cordelistas seja maior em Juazeiro, se equiparado às cidades do Cariri, somente Crato e Assaré possuem academias e associações.

Números que, de acordo com a obra Lyra Popular, assinada pelo jornalista Gilmar de Carvalho, são configurados pela existência da Tipografia São Francisco, rebatizada de Lira Nordestina, que chegou a imprimir diariamente cerca de 12 mil folhetos. Outra fomentação foi provocada pelo jornal O Rebate, que tinha uma seção exclusiva para a publicação de versos. Essa cultura também esteve atrelada ao turismo religioso de Juazeiro. Foi através dos cantadores que a história do milagre do Padre Cícero foi disseminada. Assim, há uma ligação direta entre as primeiras romarias e a cultura popular, o que torna mais necessária a conquista da associação e academia para a cidade.

Conheça a trajetória

Esquecendo um pouco a regulamentação, pense nos castelos da Europa Medieval. Neles, os reis assistiam à histórias contadas por menestréis sobre doces princesas, reis malvados e guerreiros valentes. No nordeste brasileiro, os fazendeiros e senhores de engenho eram os reis, os menestréis os repentistas, as princesas eram as sinhás e os guerreiros, claro, os vaqueiros. Outra face, pouco mais recente, dessa cultura, é o jornalismo. Importantes acontecimentos do Cariri eram divulgados por contadores e folhetos, até que eles perderam força para o jornal. Conforme o pesquisador Diégues Júnior, o nordeste foi território fértil devido às suas condições sociais e culturais únicas, como manifestações messiânicas e desequilíbrios socioeconômicos. Diégues reconhece, ainda, a importância do vigor dessa lei porque é um trabalho e esforço intenso nesse gênero artístico que exige métricas, rimas e ritmos bem definidos.

Fonte: Jornal do Cariri

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