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segunda-feira, 15 de março de 2010

Terra vira alvo de catástrofes

As enchentes que afetaram Santa Catarina são exemplos das consequências da ação nociva do homem na natureza


REUTERS

São milhares de crimes ambientais cometidos diariamente no planeta, mas alguns se destacam pela grandiosidade




O aumento de catástrofes ambientais no planeta é consequência das intervenções nocivas do homem no meio ambiente. Entidades como o Greenpeace e Pnuma (órgão da ONU para o meio ambiente), vêm alertando para o assunto há anos. O tema ainda incomoda, principalmente aos grandes poluidores mundiais que exploram os recursos naturais “até a última folha” em nome do "desenvolvimento". Mas a Terra é um ser vivo que responde no mesmo tom, mesmo que pareça desproporcional, às vezes, os crimes que andam cometendo contra ela.

Em nome do conforto, muitas vezes o homem ocupa de forma desordenada o meio em que vive. As consequências são conhecidas: enchentes, assoreamento de rios devido ao desmatamento e ocupação das margens, desaparecimento de florestas, desmoronamento de encostas, comprometimento dos cursos de água que viram depósitos de lixo e canais de esgoto.

São milhares de crimes ambientais cometidos diariamente em todo o planeta, mas alguns se destacam por sua gradiosidade. Como exemplo, a sopa de plástico que flutua no meio do Oceano Pacífico, cujo tamanho causa controvérsia entre cientistas. Alguns dizem que é do tamanho do Amazonas (1,5 milhão de km2), outros dizem que cobre uma área de duas vezes o tamanho dos Estados Unidos (18 milhões de km2). Só para se ter uma ideia são 100 milhões de toneladas de lixo que expandem-se por cerca de 500 milhas náuticas da Califórnia ao Japão.

Outra caso é a voracidade da China pelo capitalismo que tem trazido consequências graves para o meio ambiente. Lá se encontra a cidade mais poluída do mundo - Linfen, na província de Shanxi. A China é o maior emissor de gases do planeta, tendo lançado em 2009, 6,2 bilhões de toneladas. 70% dos seus rios estão contaminados deixando milhares de pessoas sem água potável. Ao sul as geleiras do Himalaia estão em processo rápido de derretimento e ao norte a desertificação ameaça 400 milhões de pessoas.

Outro país emergente que tem sofrido com os efeitos de seu desenvolvimento é a India, país das monções (época de chuvas intensas). As enchentes têm sido mais frequentes nos últimos anos, devido o desequilíbrio climático.

O Brasil tem como principal fator de desequilíbrio ecológico o desmatamento na Amazônia. Nos últimos 20 anos foram 269,9 mil km2 desmatados, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (INPE), maior que a área total do Piauí. As consequências são catastróficas; a extinção de 26 espécies animais e ameaça a 644, além de secas prolongadas.

Na Europa Oriental, o Mar Negro, que banha seis países - Turquia, Geórgia, Rússia, Ucrânia, Romênia e Bulgária - está fortemente poluído por grandes rios europeus como o Danúbio, o Dnieper e Don.

Está também na Europa, a maior concentração de CO2 do planeta, a oeste da Alemanha, entre Amsterdã e Frankfurt. A região tem sido, tradicionalmente, um centro industrial e é considerado o coração de carvão da Alemanha e do aço - o vale do Ruhr. O local, que já teve 183 minas de carvão, está com oito e há previsão de fechamento destas até 2018.

Na Itália, 302 praias sofrem com poluição, principalmente na região de Nápoles. É o preço da alta industrialização do País.

Nos Estados Unidos a emissão de dióxido de enxofre ocasiona chuvas ácidas que atingem até o Canadá. O meio oeste americano, celeiro agrícola, é ameaçado pela desertificação.

O efeito estufa pode até mesmo afetar o planeta a tal ponto de influenciar as placas tectônicas, devido a pressão sobre a crosta terrestre com o degelo do ártico, e aumentar o número de terremotos. O assunto é polêmico, mas é certo que nos últimos tempos o clima na Terra tem sofrido alterações nunca vistas. O homem, que achava que os recursos naturais eram inesgotáveis, está começando a perceber-se como fator de desequilíbrio da vida na terra.

Mundo sem água
Qual a principal razão da disputa entre Israel e a Palestina? A posse da terra? Não. Os dois estados brigam pelas reservas de água. A região, arenosa e árida, tem a água como um bem precioso e, por isso mesmo, que quem a possui com abundância, tem o poder sobre o outro. Os israelenses consomem quatro vezes mais água que os palestinos, segundo o relatório da Anistia Internacional. O estado israelense controla 80% da camada freática. Esse é só um exemplo do que pode acontecer em outras regiões se o nível de poluição dos reservatórios de água continuar crescendo. 98% da água do planeta é salgada, congelada ou imprópria para consumo humano. Os 2% doce são mal distribuídos. 70% são utilizadas para irrigação; 20% vão para a indústria e apenas 10% para o consumo humano. A ONU calcula que 1 bilhão de pessoas não tem acesso a água tratada. A expectativa é de que nos próximos 25 anos 2,76 bilhões de pessoas sofrerão com a escassez de água. Na China mais de 400 milhões de pessoas consomem água com coliformes fecais. A corrida capitalista fez do País um "paraíso" para os poluidores. 70% dos rios estão poluídos e a pouca água que sobra vai para as indústrias.

BRASIL

País foi o sexto em número de desastres naturais em 2009
O Brasil sempre passou ao largo das grandes catástrofes naturais. A coisa parece que mudou, para pior. Terremotos, mesmo em grau ameno, cerca de 4,5 graus na escala Richter, em média, são comuns em estados da Região Nordeste, como Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco. Furacões ou ciclones também já foram registrados em território nacional. Mesmo com a reincidência de casos, o País não tem se preparado para enfrentar situações mais graves.

Como exemplo, as enchentes que assolaram Santa Catarina, em 2008, matando 135 pessoas. O desastre foi fruto do assoreamento de rios, além de desmatamentos e ocupações desordenadas. As chuvas e enchentes têm sido as principais causas de desastres no País.

O desmatamento florestal destruiu ecossistemas, como a Caatinga. A Amazônia sofre também com o desmatamento, tendo algumas áreas já se transformado em savanas.

O Brasil já teve furacão, o primeiro do Atlântico Sul, batizado de "Catarina", que aconteceu em 2004, em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, matando 11 pessoas e causando prejuízos de R$ 1 bilhão. Desde então não ocorreram casos com tanta magnitude, mas serviu para mostrar que o Brasil não está imune. No ano passado o País ficou em sexto lugar em casos de desastres naturais, segundo a ONU. Foram dez desastres, a maioria relacionada a chuvas, deslizamentos e enchentes, com 181 mortes. No mundo, os desastres mataram 10,4 mil e afetaram 112,7 milhões.

2009

Retrospectiva
No ano passado o mundo foi testemunha de 245 desastres naturais, segundo a Estratégia Internacional para a Redução de Desastres da Organização das Nações Unidas. Desse total, 224 estavam relacionados com o clima e causaram cerca de 7 mil a 8,9 mil mortes. Os prejuízos chegaram a 15 bilhões de dólares. O número de pessoas afetadas por desastres naturais deve aumentar em mais de 50% até 2015 e atingir a média de 375 milhões de pessoas por ano, segundo a organização não-governamental britânica Oxfam. Este ano já aconteceram oito terremotos de grande magnitude, sendo que o de 8,8 graus na Escala Richter foi o maior registrado.

EFEITO ESTUFA
Brechas no tratado preocupam UE
A União Europeia alertou esta semana que as lacunas deixadas estrategicamente nos tratados climáticos promovidos pela ONU podem piorar a situação do clima do Planeta. É que alguns países, em vez de reduzir a emissão de gases na atmosfera podem aproveitar para deixar a situação correr frouxa.

Os pontos nevrálgicos dos tratados seriam o uso de créditos para que outros países usem emissões que ficaram ociosas com o fim da União Soviética, e as regras brandas demais a respeito das emissões pela agricultura e o desmatamento.

A Rússia e Ucrânia seriam beneficiadas com os créditos de carbono, pois com o fim da União Soviética e a falência indústria pesada na região, os países ficaram com saldo positivo.

A Rússia, por exemplo, deve manter suas emissões de gases do efeito estufa 1,4 bilhão de toneladas anuais abaixo da meta de Kyoto - o equivalente a todas as emissões do Japão, quinto maior emissor do mundo - segundo dados da ONU.

Já com relação a agricultura e o desmatamento, as regras definidas ficaram muito aquém das expectativas e podem significar cerca de 9% a menos nas emissões de gases.

Mas nem tudo está no rol das notícias negativas. Na semana passada a China e Índia se juntaram a outros grandes emissores de gases do efeito estufa, ao subscreverem um acordo climático definido em dezembro em Copenhague.

Mais de cem países já se associaram formalmente ao Acordo de Copenhague, que não prevê medidas de cumprimento obrigatório, mas propõe limitar o aquecimento global a 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais e criar um fundo de 100 bilhões de dólares anuais para ajudar os países em desenvolvimento a se adaptarem as novas regras.

Marcelo Raulino (Repórter)
Fonte: Diário do Nordeste

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