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sábado, 31 de janeiro de 2009

Romeiros reclamam de altos preços em ranchos




No segundo dia da Romaria de Nossa Senhora das Candeias, neste município, os romeiros do Padre Cícero e da Mãe das Dores começam a chegar timidamente. Nos últimos dias a vinda se torna mais intensa. Mas os milhares de fiéis, que se fazem perceber nas ruas da cidade estão, em sua grande parte, nos ranchos, principalmente no Centro. E mais uma vez, a reclamação tem sido de que os romeiros estão sendo explorados e as péssimas condições de alguns desses locais.

Essa realidade é traduzida pelos próprios visitantes da terra do “Padim”. Em sua maioria, compram pacotes de viagem em torno de R$ 200,00, para quem vem de Alagoas ou Sergipe, pelo menos. Os donos de ranchos são contatados previamente. O desconforto, a falta de cadeiras, as beliches desconfortáveis, muitas vezes até falta de água e higiene nos banheiros estão entre as reclamações de quem passa o ano inteiro juntando dinheiro para passar dias de retiro em Juazeiro do Norte.

As péssimas condições são relatadas com freqüência pelos romeiros aos padres. O administrador da Matriz, padre Paulo Lemos, afirma que são constantes as reclamações a respeito das condições ruins de hospedagens oferecidas aos romeiros. No ano passado, ele lembra que, de tanto o bispo dom Fernando Panico ouvir, chamou a atenção dos rancheiros, para que não explorem os romeiros do Padre Cícero.

A romeira de Sergipe é uma das hóspedes insatisfeitas. Isabel Nogueira, 58 anos, está pela terceira vez em Juazeiro. Ela pagou R$ 50,00 para ficar no rancho próximo à Capela do Socorro. Os custos totais da viagem chegarão possivelmente a R$ 300,00 já que tem de se alimentar por sua conta. Ela reclama da exploração e diz que os romeiros de sua terra reclamam de Juazeiro do Norte. Possivelmente deixará de vir por conta dos altos preços cobrados. A ausência de conforto e higiene também é relatada pela romeira.

Já Adenilda de Assis dos Santos, 66 anos, de Maceió, decidiu se hospedar próximo da Matriz. Veio num ônibus com mais um grupo. A reclamação era geral dos preços. Ela diz que não vê a hora dos alagoanos deixarem de participar da romaria. “É nossa Senhora que traz a gente mesmo”, diz ela. A residência de dona Lurdes Marques Lima fica em ponto estratégico da cidade. É uma construção antiga, de mais de 100 anos. Faz vizinhança com o Memorial Padre Cícero e a Capela do Socorro, onde ficam os restos mortais do sacerdote. Também faz história. Nela pisou o padre Cícero. Hoje ficam alojadas no local até 70 pessoas. “Uma grande família que deixa saudades. São como parentes”, diz Luzivaldo Marques. Como o grupo que chega ao local já é certo, os preços sempre são negociados e a casa fica disponível para todos. Há algum tempo tem mantido os preços, algo em torno de R$ 40,00 por romaria. São 30 anos de trabalho que ela afirma que chega a sentir falta, por complementar a sua renda.

Uma das alternativas que vem sendo estudada pela administração municipal, por meio da Secretaria de Turismo e Romaria, é a instalação de um rancho comunitário, após o conclusão do Centro de Apoio ao Romeiro, além da adoção de selo de qualidade para os ranchos. O secretário José Carlos dos Santos explica que essa é uma idéia que visa disciplinar e organizar os ranchos da cidade, como forma de oferecer mais qualidade aos serviços.

O Selo de Qualidade do Chapéu seria a alternativa, conforme ele, com níveis de qualificação para os locais. “Da mesma forma que existem os hotéis qualificados com estrelas, aconteceria com os ranchos”, destaca o secretário. Ele ainda aponta um estudo que está sendo desenvolvido em parceria com alunos da Universidade Regional do Cariri (Urca), para avaliar o perfil socioeconômico do romeiro, como se hospedam e se alimentam. O diagnóstico servirá para direcionar os projetos a serem desenvolvidos para estes setores.

ELIZÂNGELA SANTOS
Repórter


ALTERNATIVA
"Uma das alternativas para melhorar os ranchos é criar o Selo de Qualidade do Chapéu".
José Carlos dos Santos
Secretário de Turismo e Romaria

"Muita gente não tem condições de vir à romaria por conta do preço do transporte e da hospedagem".
Adenilda de Assis dos Santos
Dona-de-casa

Mais informações:
Secretaria de Turismo e Romaria
Memorial Padre Cícero
(88) 3511.4040
Secretaria da Igreja Matriz
(88) 3511.2202

Diário do Nordeste

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