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quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O "guerreiro" Sarney no "picadeiro do circo" político



Por Carlos Rafael Dias

Visivelmente nervoso e, consequentemente, pouco à vontade, o senador José Sarney começou o seu discurso fazendo um relato de sua longa vida política. Disse que, ainda no início da Ditadura, a despeito de a ela ter aderido na ante-hora, ele foi contra a cassação de deputados. Mostrou e leu, inclusive, uma manchete de um jornal da época atestando seu comportamento politicamente correto. Alegou que foi ameaçado de morte muitas vezes por essa sua postura combativa. Nos estertores desta mesma ditadura, no entanto, ele abandonou a “moribunda” e, faça-lhe justiça, apoiou decisivamente a candidatura de Tancredo Neves à Presidência da República no Colégio Eleitoral. Foi escolhido para ser o seu vice, e como tal assumiu a magistratura suprema da nação por conta da morte de Tancredo.

Em seguida, Sarney enumerou os seus feitos como presidente, dentre outros, o fracassado Plano Cruzado, a moratória junto ao FMI e a Lei de Incentivo à Cultura. Não citou, por exemplo, que foi o principal interessado na emenda constitucional que prorrogou o seu mandato para cinco anos, usando de algumas moedas que não foram cunhadas na oficina pública da política.

Sarney usou o tempo todo do papel da vítima. Segundo ele, não fez nada que pudesse provocar a atual crise política. Foram simplesmente perseguições políticas, maldosas e cruéis, que não lhe pouparam ao menos a intimidade do lar. Pigarreou, embargou a voz, fez menção de que as lágrimas rolariam a face sofrida de uma vida política que só lhe trouxe agruras e nenhuma vantagem. Tentou explicar o que eram os atos secretos. Admitiu que somente cerca de 500 atos não tramitaram na Rede Intranet do Senado. Disse que anulou todos os atos neste ano, com anuência da Mesa Diretora da Casa (pois não teria a autoridade para anulá-los sozinho). Disse , também, e é importante citar, que não foi o responsável por todos os atos. Dividiu a culpa com os demais ex-presidentes da Casa: Jader Barbalho, ACM, Ramez Tebez, Edison Lobão, Renan Calheiros, Garibaldi Alves, Tião Viana.

Esclareceu que as nomeações sem concurso público foram pedidos de Senadores. Assumiu o nepotismo na nomeação de um parente, estendendo o pecado a outros senadores (disse que é uma ação privativa de cada senador). Gaguejou quando, usando o data-show, tentou lembrar de Vera Portela (foi nomeada pela sua filha Roseana) e, lembrando quem era, disse que não aceitaria que uma culpa passasse da filha para o pai.

O seu Estado é o Amapá, portanto não assumirá erros cometidos por políticos do Maranhão, mesmo que seja sua filha, ex-senadora. Continuou gaguejando e titubeou quando passou a limpo o restante da lista, onde abundou o sobrenome Zoghby (de quem se trata?. Uma busca no Google poderá ser bastante esclarecedora). E Ivan Sarney... Ele não tem nada haver com sua nomeação, nem com o namorado da neta nem com outras em que fortes indícios as associam ao seu nome.

Fez um longo silêncio....

E como não poderia deixa de ser, culpou a mídia, ou, como quer Paulo César Amorim, o PIG (Partido da Imprensa Golpista), denunciando, inclusive, o uso de montagem, onde sua voz foi imitada (ou substituída), em casos em que o associava ao escândalo Satiagraha .

Disse, empunhando um DVD, que poderia divulgar algo escabroso, mas por questão de ética, não iria divulgar, ameaçando que assim faria se alguém pusesse a acusação na sua boca (tem bode na sala? Ou é mais uma bravata?).

Suas palavras derradeiras foram: “Austero, sem arrogância, com respeito por todos e pela boa convivência”.

Disse ser a favor de combater a injustiça pelo silêncio, e a favor que a paz seja restaurada no Senado, sem ódio e sem paixão política.”

Pediu justiça para sair da crise e que a Casa retorne ao ambiente tranquilo.

Foi o seu último apelo.

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