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quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Irineu piscou o olho!

Uma quinta-feira. Poderia ter ficado em casa assistindo ao jornal ou lendo os livros que comprara durante a tarde. Mas não deixaria de testemunhar a importância daquela noite. Quase uma hora e meia de atraso. O público esperava pelo livro do Irineu.. O Cariri e seu Instituto Cultural esperavam o lançamento fac-símile de uma publicação esgotada. A espera era justa. Francamente, não me queixei da espera, porque todos aguardavam benevolentes o afamado livro, incluindo personalidades intelectuais e políticas, e também figurões passantes, e voyeurs movidos pela divulgada raridade da obra. Senti-me como um paciente bibliófilo na expectativa serena de registrar, ao chegar em minha reservada biblioteca, o "ex libris" na folha de rosto da publicação -- o que seria um ilustre em minha estante! O convidado principal mostrou-se, em sua humildade política, um editor sensível. Cumpriu bem o seu papel, destinando aos anfitriões uma tribuna de agradecimentos. O dr. Lúcio teve, pareceu-me naquela sua fala, o detalhismo de um Gutemberg, embora tenha esquecido de apresentar a nova edição da obra do doutor cratense. O olho de Irineu piscou no quadro, dizendo: "Estou aqui!". Mas ouvi outros sobrenomes: menos os Nogueiras e Pinheiros. E naquele instante das repetidas nominatas entrei em suspensão, ou melhor, abstraí longe dalí. Perguntava-me, "onde estará o cacique Araripe; ele mesmo existiu? Trombas d'água na chapada, ouvi. Índios fujões escondendo-se nas matas, e o frei Carlos Ferrara ensinando o ABC àqueles "bárbaros" catequizados". Caí da nuvem dessas imagens aos primeiros aplausos. Eram sacolas de livros presenteadas aos representantes convidados, embora não vi livro nenhum, nem sequer a capa! A Universidade não se sentou à mesa com o Alcântara... Mais uma vez perguntei-me, que fazia naquele augusto sodalício? Um confrade que não teria o prazer de degustar O Cariri, de Pinheiro. Uma longa espera desde 1930. Invejei naquele momento o José Lins do Rêgo, pois ansiava devorar com o mesmo folego as páginas do filho de D. Irineida.

Glauco Vieira

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