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domingo, 20 de dezembro de 2009

Ecos de Copenhague - por José do Vale Pinheiro Feitosa sobre um texto do blog off do jornal la libération.

O desfecho da Conferência de Copenhague ainda ecoa no mundo . Afinal a mudança do clima não se descola da produção mundial e tampouco da crise financeira atual. Os atores da conferência eram os Estados Nacionais e o que se viu foi exatamente isso: a história em transformação e um processo de encontrar o novo. Não seria diferente e muita gente deve ter percebido isso: desde o início do século XX, quando se tomou consciência que a inteligência humana aplicada à produção resultara na maior produtividade jamais vista, que se busca uma sociedade mais solidária e menos sujeita à crises cíclicas, inclusive com guerras. Durante todo o século XX, mesmo quando se tratava de lutas pelo fim do colonialismo, havia uma forte desejo de progresso material e de uma sociedade menos exploradora do homem pelo homem. Não tenhamos dúvida, esta questão do clima está nesta mesma matriz, procurar uma ordem mundial mais solidária e menos exploradora, portanto com menos privilegiados.

Mais ainda, como a ordem mundial se faz pelos Estados Nacionais, aquele com maior poder, que mais se apropria da produção mundial, no caso os EUA, sempre ditou os rumos e as regras da acumulação. Agora a coisa toda está em crise. Atores que não tinham peso começam a aparecer. Outros que não poderiam se manifestar, começam a questionar. E os ator principal, os EUA, não conseguem mais dar o rumo.

Este texto abaixo foi publicado no "le blog off" do Journal La Libération e foi traduzido pela Caia Fittipaldi. Para não aumentar muito a postagem, vou colocar nos comentários o texto original em Francês para aqueles que tenham facilidade com a língua poderem fazer sua checagem sobre a tradução para o Português:

"É verdade que, sendo eu argentina, o que aqui escrevo parecerá meio esquisito. Paciência. Acabamos de assistir, no quadro da total degringolada das negociações sobre o clima em Copenhague, ao fracasso final de uma superpotência (os EUA) e à vigorosa entrada em cena de uma nação (Brasil) que esperava impaciente para ocupar seu lugar.

Os discursos de Obama e Lula foram muito mais que discursos sobre as questões que se esperava que nossos chefes de Estado devessem resolver em Copenhague. Esses dois discursos, em minha opinião, marcarão para sempre a longa e tortuosa história do declínio do império norte-americano.

Recusar-se a negociar é o primeiro sinal de fraqueza dos “poderosos”. Hoje, Obama não deu qualquer sinal de qualquer flexibilidade possível, nos três temas que pôs sobre a mesa. E isso, depois de ter cuidadosamente evitado assumir que os EUA são os principais responsáveis históricos pela acumulação na atmosfera, de gases de efeito estufa.

Quanto a Lula... tudo é liderança, vontade, desejo, ambição. Evidentemente Lula não é perfeito – mas a questão não é essa. O que interessa é que Lula mostrou aos olhos do mundo que seu país está pronto para jogar o jogo dos grandes, na quadra principal.

Assistimos na 6ª-feira em Copenhague, já disse, ao fracasso de uma superpotência encarquilhada, curvada sobre ela mesma, afogada em instituições anacrônicas, sufocada por lobbies impressionantes, sitiada por mídias que condenam os cidadãos à ignorância e ao medo do próximo, e os fazem sufocar de medo do futuro.

É chegada a hora da potência descomplexada e abertamente ambiciosa e desejante do Presidente Lula. Lula não se assusta ante a tarefa de assumir o comando de um barco quase completamente naufragado."

Um comentário:

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

• Anabella Rosemberg*

Il est vrai que, pour l’Argentine que je suis, ce qui va suivre va peut-être paraître un peu étrange. Et pourtant. Nous venons d’assister, dans le cadre de la totale dégringolade des négociations climat à Copenhague, à la démission d’une superpuissance (Etats-Unis), et à l’arrivée avec brio d’une nation (Brésil) qui patientait dans les starting blocks depuis un moment.

Les discours d’Obama et Lula étaient bien plus que des discours sur les grands enjeux que nos chefs d’Etat étaient sensés résoudre à Copenhague. Leurs discours risquent bien plus, à mon avis, de marquer la longue et tortueuse histoire du déclin de l’empire américain.


Le refus de négocier est le premier constat de faiblesse d’une puissance. Aujourd’hui Obama n’a montré aucun signe de flexibilité possible dans les trois propositions qu’il a mises sur la table. Et ce après avoir soigneusement évité d’indiquer que les Etats-Unis avaient été les principaux responsables historiques de l’accumulation des gaz à effet de serre.

Du côté de Lula, tout était leadership, volonté, ambition. Evidement, Lula n’est pas parfait, la question n’est pas là. Mais il a montré aux yeux du monde que son pays était près à jouer dans la cours des grands.

Nous avons assisté vendredi à Copenhague, je l'ai dit, à la démission d’une superpuissance, une puissance recroquevillée sur elle-même, submergée par des institutions anachroniques, des lobbies impressionnants, des médias qui soumettent les citoyens à l’ignorance et à la peur de l’autre, en même temps que du futur.
Le temps est venu pour la puissance décomplexée et ouvertement ambitieuse du Président Lula. Lui n’a pas eu peur de prendre le gouvernail dans un bateau presque échoué.

(*Membre de la Confédération Syndicale Internationale. Mes propos sont toutefois tenus à titre personnel et n'engagent nullement la CSI).