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sexta-feira, 2 de abril de 2010

Ícones da música cubana criticam ação dos Castros


Do Blog do Gabeira:

Os cantores cubanos Silvio Rodríguez e Pablo Milanés, ícones e entusiastas da revolução de Fidel e Raúl Castro, juntaram-se ao grupo dos que criticam a falta de mudanças e a perseguição a opositores na ilha. Em entrevista no centro cultural Casa das Américas, em Havana, Rodríguez reiterou seu apoio ao processo revolucionário, mas disse que Cuba está pedindo reformas “aos gritos”.

“Este é um momento no qual a revolução, a vida nacional, pede a gritos uma revisão de muitas coisas, conceitos e instituições”, afirmou. “Tenho escutado que estão sendo feitas revisões, sempre extraoficialmente, lamentavelmente nunca em nossa imprensa. Deus queira que isso seja verdade.”

Há pouco mais de uma semana, em entrevista ao jornal espanhol La Voz de Galicia, Milanés também foi contundente nas suas críticas, o que foi comemorado pelos cubanos no exílio. “Não estou de acordo com a atitude do governo em relação aos cubanos dissidentes”, disse o cantor de Yolanda, que já dedicou muitos de seus shows a Fidel e estava em Madri para uma turnê. Para ele, “o sol enorme que nasceu em 1959 encheu-se de manchas ao envelhecer”

“Sou a favor das mudanças que Raúl prometeu, mas não cumpriu”, completou Milanés. “Não sou só defensor dos direitos humanos, da livre expressão, do direito à greve de fome ou da liberdade para o cubano sair do país. Luto pelo aperfeiçoamento do socialismo que proclamamos há 50 anos e no qual essas premissas não existem numa contradição absurda.”

Nos últimos anos, uma série de artistas e intelectuais cubanos e estrangeiros rompeu com o regime da ilha por causa da perseguição a opositores e da resistência a mudanças. Entre eles estão o escritor português José Saramago e Caetano Veloso. Os artistas cubanos que optam pelo exílio têm suas obras banidos da ilha. Os que criticam o regime sem deixar seu país, como Milanés e Rodríguez, podem cair em desgraça.

Recentemente, o jornalista e dissidente cubano Guillermo Fariñas – em greve de fome para pedir a libertação de 26 presos políticos doentes – disse temer pela “integridade física” de Milanés. O cantor, porém, acredita que a fama lhe torna imune a represálias mais sérias.

O governo cubano vem sendo pressionado por manter presos opositores, jornalistas e ativistas. Segundo a ONG Anistia Internacional, há 53 “prisioneiros de consciência na ilha” . As críticas a Cuba se intensificaram depois da morte do preso político Orlando Zapata Tamayo, em fevereiro, após 85 dias de greve de fome. Até a esquerda chilena uniu-se ao coro.

O cineasta Pedro Almodóvar, antigo admirador do regime, está entre os artistas espanhóis que assinaram o documento “Eu acuso o governo cubano”. Ontem, foi suspensa uma reunião entre representantes da União Europeia e o chanceler cubano, Bruno Rodríguez.

A canção Yolanda, gravada por Chico Buarque em 1984, talvez seja o trabalho mais conhecido de Pablo Milanés no Brasil. Também representante da Nova Trova cubana, Milanés exaltava a vida em Cuba e a revolução em algumas de suas canções e chegou a dedicar seus shows a Fidel Castro. Mas recentemente tem dado mostras de descontentamento com o regime. Nos anos 90, o governo cubano fechou uma revista que era publicada por sua fundação.

REPORTAGEM PUBLICADA NA FOLHA DE SÃO PAULO

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