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sexta-feira, 2 de abril de 2010

SAFRA NO CARIRI: Seca Verde compromete produtos da Semana Santa


PRODUTOS DO "INVERNO" só são encontrados no mercado, oriundos dos cultivos irrigados na região


ANTÔNIO VICELMO

Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Crato aponta perdas entre 70% e 80% nos plantios do Cariri

Crato. Uma Semana Santa sem feijão e milho verdes colhidos no fundo do quintal. Este ano, os agricultores tiveram que comprar o chamado "jejum dos dias santos" nos mercados da cidade, procedente de áreas irrigadas. Nem mesmo a agricultura de subsistência, aquela que é praticada no terreiro de casa, com o objetivo de garantir a sobrevivência da família, resistiu à estiagem. A agricultora Erivânia Sabino diz que no seu Sítio Pau D´arco, município de Missão Velha, não choveu no mês de janeiro. Em consequência, os agricultores não plantaram. Vão ter que comprar o jejum da Semana Santa no comércio.

As chuvas que caíram depois do dia de São José no Cariri melhoraram a pastagem do gado e reabasteceram os pequenos açudes. Renovaram as esperanças dos sertanejos quanto à continuidade da chuva, mas não alteraram os índices de perda do plantio levantados, no final de março, pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Cariri (STR). Os sindicalistas reafirmam que as perdas, em consequência da falta de chuvas, variam de 70% a 80%, dependendo da localidade, o que, segundo os agricultores, caracteriza a chamada "seca verde" na região, uma vez que não existe perspectiva de safra.

Descrença
Os agricultores argumentam que pouca gente acredita na continuidade da quadra chuvosa. Mesmo que chova, apenas uma minoria corre o risco de um segundo ou terceiro plantio. O Sindicato dos Trabalhadores Rurais Crato está analisando o quadro no pressuposto de que a região já está enfrentando uma seca. É o que atesta o presidente do STR, José Ildo, acrescentando que no documento que foi enviado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), indicando um índice de perda acima de 70%, as lideranças sindicais reivindicam a implantação de políticas públicas em socorro às vitimas do flagelo da seca. "É preciso encontrar uma forma de fixar o homem à terra. Do contrário, o campo será esvaziado", adverte o documento.

Política pública
Os sindicalistas explicam que a seca não é somente a falta d´água. No Cariri, por exemplo, existe muita água no subsolo, nos açudes públicos e nas fontes perenes que jorram do pé da serra. O que falta, segundo afirmam, é política pública de apoio ao pequeno produtor. A análise é endossada pelo presidente da Delegacia Regional da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Ceará (Fetraece), Francisco Alves, lembrando que em seu município, Jardim, praticamente não tem safra.

Citando uma análise feita pela Fundação Joaquim Nabuco, os sindicalistas dizem que a seca se manifesta com intensidades diferentes. Depende do índice de precipitações pluviométricas. Quando há uma deficiência acentuada na quantidade de chuvas no ano, inferior ao mínimo do que necessitam as plantações, a seca é absoluta.

Em outros casos, quando as chuvas são suficientes apenas para cobrir de folhas a caatinga e acumular um pouco de água nos barreiros e açudes, mas não permitem o desenvolvimento normal dos plantios agrícolas, dá-se a seca verde. É o que está ocorrendo no Cariri. A paisagem está verde, o legume nasceu, cresceu, mas não deu frutos. O feijão e o milho, por exemplo, morreram antes de serem colhidos pelos agricultores.

"Essas variações climáticas prejudicam o crescimento das plantações e acabam provocando um sério problema social, uma vez que o expressivo contingente de pessoas que habita a região vive, verdadeiramente, em situação de extrema pobreza", comprova o STR, em documento. Com isto, os sindicalistas acrescentam que a falta de chuvas é mais um agravante para o estado de miséria em que vive a maioria dos sem-terra.

Enquete

Prejuízos na safra

Erivânia Sabino Marinho
Agricultora de Missão Velha
Este ano nós só plantamos depois do Dia de São José. Mesmo assim, não há perspectiva de safra como em 2009

José Rodrigues
Produtor Rural do Crato
Nós vamos ter que comprar feijão e milho verde nos mercados. No meu sítio não tem legume nem para remédio

MAIS INFORMAÇÕES
Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Crato (STR)
Rua Pedro II, 62, Centro.
(88) 5523.3908

ANTÔNIO VICELMO
Repórter


Fonte: Diário do Nordeste

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