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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A tempestade de areia, a poliomielite e o arco-íris de Brasília - José do Vale Pinheiro Feitosa

Uma notícia na Globo News de hoje pode não interessar a todos. Dois Nigerianos, com visto de permanência no Brasil, foram presos fazendo compras com cartões de crédito clonado. A rigor a notícia só é notícia por que foram dois Nigerianos, compras com cartões de crédito clonados interessam a estatística das operadoras, dado que ocorrem com muita frequência.

Brasília é alvo de preconceitos. Não é a única morada dos políticos. Eles se originam nos estados e passam a semana na capital no exercício dos seus mandatos. Ela é uma cidade nacional, brasileiros de todos os recantos. Tem um sotaque próprio: nem só goiano ou mineiro.

Desde a Erradicação da Varíola que a humanidade sabe que as vacinas podem, a depender do vírus, do modo de transmissão e da eficácia, erradicar doenças. É o caso da poliomielite que matava e deixava milhões com lesões motoras irreversíveis. O último caso de poliomielite no Brasil na Paraíba, a 19 de março de 1989. Nas Américas, ocorreu no Peru, em agosto de 1991.

Há pouco mais de uma semana e meia a capital federal sentiu os tremores de terra acontecidos numa região de Goiás. Não teve danos maiores, mas aquilo oferece instabilidade ao abalar o próprio conceito de firme que é o solo. Isso aqui para nós neste continente sem sismos. Logo depois outro susto natural: uma névoa de areia vermelho do planalto central cobriu a cidade. Os carros acenderam os faróis e o panorama tornou a visão turva na distância.

Um sentido maior para aquele primeiro fato. No mundo globalizado não basta controlar a vigilância epidemiológica e sanitária nos estados e províncias, as fronteiras entre países se abriram. A poliomielite continua em curso na Índia, Paquistão, Nigéria e Afeganistão. Em 2010 já aconteceram 706 casos de poliomielite contra 1.126 neste momento, em 2009. Mais de 570 destes foram nos países que já haviam conseguido erradicá-la e agora tiveram surtos originados em países endêmicos: foi o caso de Angola. O Tajiquistão (por influência do Afeganistão) só este ano já teve 458 casos. Por conta da crise e do “cansaço” dos agentes financiadores da campanha de erradicação, a OMS já tem um rombo de US $ 810 milhões (31%) num orçamento de US $ 2,6 bilhões necessários para combater a pólio no período de 2010 a 2012.

Ontem um sol casando com uma neblina poética, um arco-íris inteiro, de 180º, tomou os céus da capital federal. Eram as cores abobadas a relembrar o elevado chão do Brasil Central, a coroar o Plano Urbanístico singular da cidade e dar um toque ancestral à modernidade arquitetônica de suas linhas. Se isso já vale uma vida, mas vale ainda o povo da capital.

De uma sensibilidade, também singular. O brasiliense é um tipo específico, tem o mote das questões pós-modernas, com a religiosidade difusa, um amor pelo estilo de vida e, principalmente, pela alternativa ao modo de fruir alimentos, conversas, fazer canções e ciência. Por isso soube do “Arco-Íris”: funcionários do Senado Federal, de suas janelas de trabalho capturaram a imagem lá fora, mas que certamente pousaram sobre suas almas como um superlativo aos termos da tempestade de areia.

Agora uma explicação. Este texto, a rigor, tem um pouco da Globo News, mas se deve essencialmente ao Luiz Carlos Pelizarri Romero, assessor de Saúde do Senado. Apenas fiz a costura dos termos.

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