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sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Prisão de italiano repercute


Delegada Ivana Timbó, titular da Dececa, é agora a responsável pela investigação do caso envolvendo o italiano


A notícia, publicada, com exclusividade pelo Diário do Nordeste, teve destaque na Imprensa nacional e estrangeira
FERNANDO RIBEIRO e EMERSON RODRIGUES (EDITOR/REPÓRTER)

Dois dias depois da prisão do turista italiano acusado de ter praticado "estupro a vulnerável" contra a própria filha, em uma barraca de praia na orla marítima de Fortaleza, o acusado permanece detido e a Polícia afirma que as testemunhas foram categóricas em acusar o estrangeiro de praticar atos libidinosos contra a garota de 8 anos de idade. O fato foi publicado com exclusividade pelo Diário do Nordeste e ganhou repercussão nacional e internacional.

Segundo a Polícia, o turista (identidade preservada) foi preso depois de flagrado beijando na boca a criança. "O delegado estava com duas testemunhas que afirmavam, com veemência, o acontecimento do fato", declarou ao Diário a delegada Ivana Timbó, titular da Delegacia de Combate aos Crimes de Exploração da Criança e do Adolescente (Dececa), agora responsável pela presidência do inquérito que apura o caso.

O flagrante foi baseado na nova lei que trata dos Crimes Contra a Dignidade Sexual (de número 12.015), que entrou em vigor no dia 7 de agosto último, ampliando o conceito jurídico do crime de estupro.

Na manhã de ontem, Ivana Timbó tomou o depoimento da criança - de nacionalidade italiana. A menina, que segunda a delegada estava tranquila, foi ouvida na companhia da mãe - brasileira - e na presença de uma psicóloga e de uma assistente social. "Foi uma conversa rápida e a criança não acrescenta nada que possa incriminar o pai", afirma Ivana.

A delegada acrescentou que "não houve necessidade" de ouvir a mãe da criança, mas que, em uma conversa informal, demonstrou tranqüilidade. "Ela disse que jamais imagina que ele possa ter feito isso de forma libidinosa. Não acredita nisso".

De acordo com a titular da Dececa, não será necessário um novo depoimento do acusado, "até porque ele já foi ouvido pelo delegado que lavrou o flagrante e utilizou do direito constitucional de só falar em juízo".

Para Ivana Timbó, o objetivo agora é concluir, o mais rápido possível, o inquérito policial e remetê-lo para o Poder Judiciário. "Dentro desses dez dias que temos de prazo, vamos trabalhar com muita responsabilidade. O objetivo aqui da delegacia é ouvir as pessoas que ainda faltam e dar condição de ser buscada a verdade". A delegada poderá solicitar ainda as imagens do circuito de segurança da barraca onde ocorreu a prisão do turista.

Sobre a questão da interpretação da Nova Lei, Ivana Timbó foi categórica. "Estamos trabalhando com muita cautela para evitar excessos. Dizem que no meio está a virtude, então nós estamos procurando agir de forma virtuosa para não deturpar a lei. Cada procedimento que chega, a equipe se organiza para não resolver nada sozinho".

Com relação à decisão do delegado plantonista que autuou o italiano em flagrante, a titular da Dececa afirmou que existiam duas testemunhas, dois turistas de 70 e 75 anos, na presença do delegado, convictas de que o fato havia ocorrido. "Elas são veementes em afirmar que a criança foi abusada. O delegado não podia se deixar levar pela afirmação da mãe, que contradizia as testemunhas. Ele agiu com base nos depoimentos. E as testemunhas são advertidas de que falso testemunho é crime".

Sozinho
Na tarde de ontem, a equipe de reportagem do Diário do Nordeste conversou rapidamente com o acusado. Sozinho em um corredor, na entrada dos xadrezes, o estrangeiro andava de um lado para o outro, mas quando percebeu a presença dos jornalistas, sentou no chão para não ser visto. Ele se limitou a dizer que estava bem.

Segundo o inspetor-chefe do 2º DP, Eli Miranda, o italiano está abatido, mas conversa com os policiais. Ele teria dito que há seis anos frequenta a barraca onde foi preso com a família.

O policial informou ainda que, os parentes do italiano têm levado a alimentação do acusado todos os dias. Segundo o advogado da família, Flávio Jacinto, a mulher dele não quer falar com a Imprensa. O advogado reiterou que seu cliente foi vítima de um mal entendido.

Mundial
A prisão do estrangeiro foi motivo de comentários e discussões no Brasil e no Mundo. Sites de notícias de jornais estrangeiros e brasileiros noticiaram o ocorrido. Além disso, dezenas de e-mails chegaram à Redação do Diário do Nordeste com comentários de leitores sobre a matéria publicada na edição de ontem.

O leitor Marcos Kedrick enviou comentário de Toronto, no Canadá, expressando a sua opinião sobre a polêmica. Para Kedrick, "há necessidade de leis que protejam menores em situações vulneráveis, o que é preciso é evitar a histeria com relação a esse tipo de situação", disse.

Em outro trecho de seu e-mail, Kedrick afirma que "é necessário que se considere o fator cultural de comportamento e evite-se a islamização social ou o puritanismo fanático religioso nos costumes sociais. Para tal, a definição jurídica de atos libidinosos é extremamente importante", assinalou.

"A sociedade está doente. Não é possível que um pai não possa ser carinhoso com a própria filha. Vivemos em estado terminal", o desabafo é do leitor Adriano Moneta, de São Paulo. Segundo ele, "não sabemos mais separar o sujo do limpo. A sociedade brasileira está cega. Precisa acordar logo".

Ontem, na sede do Vice-Consulado italiano em Fortaleza, não houve atendimento. Uma funcionária informou que o vice-cônsul, Roberto Misici, está viajando e só retorna na próxima semana. Apenas ele poderia se pronunciar sobre o caso.

DESTAQUE INTERNACIONAL

Corrierie della Sera
Brasil: turista italiano beija sua filha na boca e é preso

Ansa (Itália)
Brasil: beijou filha, foi preso

Estadão
Turista é preso em Fortaleza por beijar filha de 8 anos

O Globo
Italiano beija filha de 8 anos em praia de Fortaleza e é preso em flagrante

O QUE ELES PENSAM
Estudiosos discordam da prisão do turista

Achei esse episódio um absurdo. As autoridades policiais deveriam ter agido com uma cautela maior, no sentido de verificar se realmente houve o crime. A cultura do outro país pode permitir este tipo de comportamento. Esta é uma nova lei no Brasil e o turista estrangeiro não tem a obrigação de saber dela, até porque, faltam mais esclarecimentos. Considero que foi, no mínimo, uma decisão abrupta. É preciso ter respeito com todas as culturas.

Francisco Moreira Ribeiro
Sociólogo


Na minha opinião, estão fazendo um escarcéu de um fato para, na verdade, não tratar dos verdadeiros e graves problemas dessa cidade, que são a prostituição infantil e o consumo de drogas entre crianças e adolescentes nas ruas da Capital. Essa é a grande verdade. O grave nesta cidade são as crianças e jovens se prostituindo e se drogando nas ruas. Todos sabem disso e vêem isso. Mas, este é um assunto desagradável para as autoridades.

Ismael Pordeus
Antropólogo


Fonte: Diário do Nordeste

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