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terça-feira, 20 de maio de 2008

Corte do Pau da bandeira adiado para amanhã





Foi adiado para amanhã o corte do pau que servirá de mastro da bandeira de Santo Antônio, padroeiro do município de Barbalha. O corte estava previsto para ontem. O "capitão do pau", Rildo Teles, que representa os cortadores, explicou ao chefe da Unidade de Conservação da Área de Proteção Ambiental (APA) do Araripe, Jackson Antero, que não tinha condições de arregimentar o pessoal para o corte da madeira.

Além dos critérios apresentados para o corte do pau, passou a ser exigido o cumprimento de um compromisso assumido no ano passado para o reflorestamento da área de onde acontece a retirada. O capitão do pau, Rildo Teles, levou 200 mudas de Cedro, Jatobá, Aroeira, Angico e Sabiá para serem plantadas em Barbalha. As mudas foram entregues ontem aos diretores da fábrica de cimento para o reflorestamento do Sítio São Joaquim, onde o pau será cortado.

No entanto, a data para o corte do pau ainda pode ser adiada. A chefe de divisão da 4ª Superintendência Regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Olga Paiva, mantém contatos com um dos diretores do Instituto Chico Mendes com o objetivo de adiar o corte do pau para domingo, sob o argumento de que se trata de uma tradição cultural que tem como objetivo preservar e identificar a identidade do povo.

O corte do pau foi antecedido de um amplo debate entre ambientalistas e os carregadores que culminou com uma audiência pública realizada na última quinta-feira, na sede do fórum de Barbalha, sob a presidência da promotora de Justiça, Efigênia Coelho Cruz. No final da audiência, o chefe da Unidade de Conservação da Área de Proteção Ambiental do Araripe, Jackson Antero, solicitou a assinatura de um termo de responsabilidade pelos eventuais danos causados ao meio ambiente no local da retirada do pau.

Rildo Teles lembra que, tradicionalmente, a retirada do tronco é feita no domingo, 15 dias antes da abertura da festa, por um grupo de populares, a maioria marchantes, sob a organização do "capitão do pau", que comanda todo o ritual, desde o corte da madeira, até o seu transporte nos ombros dos devotos de Santo Antônio, para a Igreja Matriz de Barbalha.

Exigências

A transferência da data foi uma das exigências do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), com o objetivo de acompanhar o corte. O capitão do pau, Rildo Teles, cumpriu a principal exigência da APA de Araripe, que era a assinatura de uma autorização por parte dos diretores da fábrica de cimento, outorgando poderes à Prefeitura Municipal de Barbalha para cortar o pau e, ao mesmo tempo, assumir as responsabilidades pelos eventuais danos causados ao ambiente.

O documento foi assinado pelo vice-prefeito de Barbalha, Paulo Ney Luna Alencar, por delegação do prefeito Rommel Feijó, que participou das negociações com os ambientalistas e representantes da APA de Araripe. Os ambientalistas consideram a retirada do pau um péssimo exemplo de degradação do meio ambiente, principalmente porque o local de onde é retirada a madeira é classificado como Área de Proteção Ambiental e isso requer mais cuidados e exigências a serem cumpridos. Os promotores da festa contra-argumentam que o evento tem uma tradição de 80 anos e faz parte da cultura popular da região do Cariri.

Educação

Jackson Antero defende uma ampla campanha educativa nas escolas em defesa do meio ambiente. Uma das idéias é substituir as árvores do pé da serra que são utilizadas como mastros da bandeira de Santo Antônio, por eucaliptos que são utilizados na região em projetos de reflorestamento. Outra sugestão, segundo os ambientalistas, é a utilização do mesmo pau todos os anos. Somente em Barbalha, são cortados cerca de 30 paus por ano destinados às festas dos padroeiros das diversas capelas espalhadas pela cidade e pela zona rural. Jackson Antero adverte que o grande problema não é a utilização de uma árvore para servir de mastro de bandeiras. "A preocupação é com relação à devastação realizada dentro da mata para a retirada do pau", complementa.

Por Antonio Vicelmo
Jornal Diário do Nordeste

Um comentário:

Océlio Teixeira de Souza disse...

A defesa do corte do pau no domingo não se baseia apenas no argumento da tradição. Se baseia também, e sobretudo, no fato de que a Festa do Pau da Bandeira está em vias de ser registrada pelo IPHAN como Patrimônio Cultural Imaterial do povo brasileiro. Mudanças bruscas nos rituais podem atrapalhar esse objetivo.

Deixo no ar uma pergunta ainda não respondida: se o pau pode ser cortado na segunda ou na quarta-feira, porque não pode ser cortado no domingo?!!? Segundo o Capitão do Pau da Bandeira, o argumento utilizado pelo Instituto Chico Mendes é que o órgão não tem pessoal disponível para fazer o acompanhamento no domingo.(?!!?)
Argumento no mínimo estranho!!!