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sábado, 24 de janeiro de 2009

O que resta do patrimônio arquitetônico de Crato


A capela de Santa Teresa de Jesus
por Armando Lopes Rafael


No dia 31 de outubro de 1923, há mais de 85 anos, era inaugurada na cidade do Crato a capela de Santa Teresa de Jesus, felizmente conservada, até hoje, como originalmente foi entregue ao povo católico da “Cidade de Frei Carlos”. A data da inauguração - 31 de outubro - foi escolhida por ser o aniversário de nascimento e de sagração episcopal de dom Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva, primeiro bispo do Crato e idealizador da edificação da mencionada capela.

Devemos a construção dessa capela à Cruzada Carmelitana, uma associação religiosa existente no Crato, fundada que fora em 1914, pelo então vigário da Paróquia de Nossa Senhora da Penha, padre Quintino, um ano depois eleito primeiro bispo da nossa diocese.

A Cruzada Carmelitana era formada por senhoras e jovens da sociedade cratense. Além da parte religiosa, seus membros desenvolviam uma grande ação social na comunidade. Na prática religiosa, basta destacar que as festas de Nossa Senhora do Carmo (16 de julho) e Santa Teresa d’Ávila (15 de outubro) eram comemoradas com grande pompa, precedidas de Tríduo Festivo e encerradas com uma missa solene. Tudo acompanhado pelo Coral das Teresinas, onde se sobressaía a maravilhosa voz de Iraídes Gonçalves. De tudo isso só nos restam as gratas lembranças e os registros históricos...

Foi notável o empenho da Cruzada Carmelitana na construção da sua capela. As ricas obras talhadas em madeira de lei (altar-mor, quatro nichos laterais, confessionário, sólio episcopal, bancada e grade do altar) foram esculpidas por Mestre José Lucas, conhecido artista cratense. Tão bonito é o sólio episcopal que, posteriormente, ele foi cedido à Sé Catedral, onde ainda hoje está, tendo servido aos cinco bispos da diocese do Crato.

As imagens da capela foram adquiridas na Itália. No altar-mor está o “Trio Carmelitano”: Santa Teresa d’Ávila pontifica como padroeira, tendo ao seu lado Nossa Senhora do Carmo e São José. Os quatro nichos laterais abrigam as estátuas de São João da Cruz, Santa Teresinha do Menino Jesus, São Geraldo e São Quintino.

Toda a construção e acervo da capela de Santa Teresa foram viabilizados no primeiro quartel do século passado, quando o Crato vivia longe (quase isolado) dos grandes centros do Brasil. Naqueles tempos, as estradas e os meios de comunicação eram precários e a nossa economia dependia unicamente do produzido nas fainas agrícolas e na incipiente pecuária da época. Mas o importante é que o povo tinha fé!
Tanta, que este pequeno templo aí está, para atestar essa fé...

A capelinha - talvez por desígnio da Divina Providência - resistiu às más administrações públicas do Crato, responsáveis pela destruição de prédios históricos, a exemplo de todo o quarteirão da rua Miguel Limaverde. Resistiu às falsas idéias de modernismo, que tiveram como auge a medíocre década 60 e a construção de Brasília. Resistiu até aos tempos confusos pós Concílio Ecumênico Vaticano II, tempos esses felizmente encerrados com a eleição do Papa João Paulo II, para a Cátedra de São Pedro, em 1978.

Pouca gente sabe: essa capela é propriedade da diocese do Crato, e está, há longos anos, sob a custódia da Congregação das Filhas de Santa Teresa, que souberam conserva-la em toda a sua originalidade. Que ela permaneça, neste novo século há pouco iniciado, do jeito que está. Sacral! Altaneira! Digna! Plena de Imponderáveis...

No cenário do nosso maltratado patrimônio arquitetônico a capela de Santa Teresa de Jesus é “um edifício que conta o passado ao presente...”.

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