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quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Artigo: A Crise e a crise



Nos últimos meses temos sido assolados por notícias acerca da crise mundial. Notamos perplexidade e preocupação. Os governos vão preparando medidas de combate. As pessoas começam a reduzir os gastos e a se preparar para os maus tempos que se avizinham. O panorama realmente não é dos mais benfazejos…

Os economistas, sempre que perguntados, confirmam a crise mas não conseguem delinear os verdadeiros contornos, nem sequer arriscam sobre a sua profundidade e sua projeção no tempo. Esses verdadeiros gurus do mundo moderno não são capazes de respostas diretas e incisivas. Edmund Burke, nas suas célebres Reflexões sobre a Revolução Francesa, acentuava o início da era dos burocratas e o fim da época heróica…

De fato vivemos uma Crise!!! Mas ela é bastante mais profunda que a econômica e incomparavelmente mais deletéria que aquela surgida da especulação financeira exacerbada dos últimos anos. Aproveito para lembrar, caros leitores, que o liberalismo de Chicago jamais concebeu um Estado omisso em termos de fiscalização. Basta lermos Friedrich von Hayek ou Milton Friedman para constatarmos suas recomendações acerca do tema… Mas o que afirmei, e repito, é que vivemos de fato uma Crise! Ela é profunda e atinge o Homem em todos os seus aspectos. Ela é terrível por destruir o que há de melhor na nossa Natureza Humana, destruindo nosso lumen rationis. Ela é horrenda por fazer o detestável, o feio, o ignóbil, serem considerados normais e até desejáveis… Sim! Não escrevo senão acerca da tremenda Crise Moral que assola a sociedade.

A Moral deve nos levar à prática da Virtude. Mas no caos em que vivemos já não se sabe muito bem o que seja a Virtude. Uma sociedade que desconhece qualquer ideia de Virtude acaba cedendo ao Vício, ou considerando Vício e Virtude em pé de igualdade. Eis um aspecto insidioso da Crise: o relativismo! O fim da vida em sociedade deve ser a vida virtuosa em comum. Posso até considerar, talvez pour épater le bourgeois, que é superior, bastante superior mesmo, a sociedade virtuosa. Superior? A que? Superior a uma sociedade rica e venal, sem princípios e sem qualquer espécie de propósito transcendente! Sociedade que considera o seu estômago seu deus. Eis o ponto da questão: uma sociedade com finalidade transcendente. Exatamente! O fundo da nossa Crise está aí. A crise econômica, misteriosa para os gurus do mundo moderno, não é nada se comparada com a imensa Crise Moral que abate há 5 séculos o Ocidente Cristão. Mas podemos chamar de Cristão um Ocidente desmoralizado?

Ibsen Noronha
Mestre em Direito pela Universidade de Coimbra
Professor de História do Direito em Brasília

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