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terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Descaso no Crato: Unicef aponta crescimento da mortalidade infantil

Um relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), denominado "Situação Mundial da Infância: 2009", mostra que o Brasil passou por um retrocesso na área das políticas públicas de saúde, com um aumento da mortalidade infantil até cinco anos de idade. A Organização das Nações Unidas (ONU) atribui essa situação à precariedade do sistema de saúde pública do País, que não oferece suporte para problemas como gravidez precoce, doenças sexualmente transmissíveis e ineficiência do Programa de Saúde da Família (PSF).No Ceará, o Instituto Brasileiro de Geografia de Estatística (IBGE) aponta que houve uma redução de 58,23% na taxa de mortalidade infantil, comparando o ano de 1991 para 2007.

Já no Crato, essa situação é bem diferente e preocupante. Relatório divulgado pelo Unicef, após a conclusão da edição 2008 do Selo Unicef Município Aprovado, revela que a taxa de mortalidade infantil no município do Crato vem aumentando desde 2004. A taxa era de 16 óbitos para cada mil crianças nascidas vivas, mas , em 2006, aumentou para 19. Um dos maiores índices entre os 184 municípios do Ceará.
O Selo Unicef é uma certificação para aqueles municípios que executam ações concretas na melhoria de vida de crianças e adolescentes. Durante o primeiro mandato do prefeito Samuel Araripe (2005-2008), o Crato não conseguiu essa certificação devido a deficiências nas ações de saúde voltadas para crianças e adolescentes. No ano de 2005, já no início da gestão do prefeito Samuel Araripe, foi desativado o antigo Hospital Pediátrico. Após o fechamento do hospital, a urgência pediátrica foi transferida para o Hospital São Francisco. O que antes era o Hospital Pediátrico foi transformado no Centro Administrativo da Prefeitura.

O Município enfrenta outro retrocesso quando o assunto é saúde: a cidade não ganhou, nos últimos quatro anos, nenhuma unidade hospitalar voltada para o atendimento pediátrico. Nos municípios do Crajubar (Crato, Juazeiro e Barbalha), Crato fica em primeiro lugar em mortalidade infantil: Barbalha tem com um índice de 16,2 morte por mil crianças nascidas, enquanto Juazeiro apresenta 17,1 mortos por cem.
Para o ex-prefeito e ex-secretário de Saúde do Crato, José Aldegundes Gomes de Matos, o Zé Adega, o aumento na mortalidade infantil se dá por conta do "descaso, da falta de compromisso e empenho do gestor, da secretaria de Saúde", avaliou. Segundo ele, é preciso uma mudança de postura para melhorar a saúde. "Ampliar o atendimento é uma saída, cobrar dos profissionais de saúde mais empenho, afirmou. "Acho que a Saúde do Crato está alheia à situação", concluiu. Zé Adega lembra ainda que o prefeito deveria ter colocado no setor pessoas com competência e que trabalhem pela saúde da população.

A professora Sybelle Rúbia, residente no Crato, que recentemente teve uma filha, disse que preferiu fazer a cirurgia cesariana no município de Barbalha, onde existe UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) neonatal, já que sua gravidez, embora tenha sido feito todo o acompanhamento do pré-natal, era considerada de risco. "Tinha muito medo do que poderia acontecer com minha filha. Eu estava com pressão alta e tanto eu como ela corria riscos", ressalta Sybelle.
Doenças como diarréia e pneumonia eram consideradas uma das principais responsáveis pela mortalidade infantil, mas hoje não chega a representar 5% das causas. Segundo o Enfermeiro do Programa Saúde da Família no Município do Crato, Pedro Aciolle, esse tipo de doença deixou de ser a causa de óbitos de recém-nascidos já faz algum tempo. "Hoje o que a gente pode observar são essas doenças sendo logo resolvidas pelos PSFs". Ele afirma que há um problema com o índice de mortalidade infantil aumentando, mas não sabe explicar o motivo. "É preciso analisar este problema e procurar as soluções para diminuir a mortalidade infantil no Crato", concluiu.


Secretária de Saúde ignora
relatório do Unicef

A secretária de Saúde do município do Crato, Nizete Tavares, ao conversar com a reportagem do JC, disse que não reconhecia o relatório do Unicef. Segundo ela, a mortalidade infantil no Crato vem se mantendo em 13,0. Só no ano de 2005 pode ser observado um aumento que, segundo a secretária, "não se sabe explicar o motivo". Os dados da Saúde do Crato contradizem os número do Unicef. Para Nizete Tavares, o que mais chama atenção são os dados da mortalidade perinatal.

Segundo ela, o motivo do alto índice de óbitos nesse sentido é a gravidez precoce. "Os fatores que contribuem para esse índice é a gravidez na adolescência, ou seja, a criança que já nasce com deficiência. E o que está acontecendo é isso, mas de um modo geral a mortalidade infantil não tem aumentado muito não", afirma Nizete, colocando em dúvida o relatório do Unicef, que nunca foi questionado pela Prefeitura do Crato. Os números oficiais da mortalidade infantil no Crato mostram que o Município regrediu nas ações de proteção aos recém-nascidos.

Situação dos municípios do Cariri

Município 2004 2006
Abaiara 16,9 30,6
Aiuaba 8,8 28,3
Altaneira 10,2 9,8
Araripe 14,5 18,4
Antonina do Norte 19,2 0,0
Assaré 18,7 25,8
Aurora 13,8 8,3
Baixio 38,1 0,0
Barbalha 16,8 16,2
Barro 43,6 37,5
Brejo Santo 21,1 17,2
Campos Sales 31,0 23,8
Caririaçu 19,3 17,9
Crato 16,7 19,0
Farias Brito 21,0 22,7
Granjeiro 30,8 0,0
Jati 22,0 28,0
Juazeiro do Norte 15,6 17,1
Jucás 18,2 28,5
Lavras da Mangabeira 17,5 2,6
Mauriti 33,2 10,7
Milagres 15,1 10,4
Missão Velha 19,5 28,1
Nova Olinda 19,6 23,4
Potengi 5,6 69,2
Porteiras 28,7 20,6
Salitre 39,1 48,5
Santana do Cariri 24,5 27,4
Tarrafas 17,1 34,5
Umari 16,7 22,7
Várzea Alegre 25,9 10,5


Selo Unicef

Baixio, Barbalha, Brejo Santo, Campos Sales, Jucás, Lavras da Mangabeira, Missão Velha e Porteiras foram os municípios do Cariri que conseguiram, em 2008 , a certificação do Selo Unicef Município Aprovado.

Jornal do Cariri
Editoria de Cidades

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